Teste do olhinho: o papel do médico na orientação dos pais onde o exame não é obrigatório

O teste do olhinho é obrigatório apenas em 16 dos 26 estados do Brasil. Em locais onde não há essa obrigatoriedade, muitos pais acabam nunca sabendo da importância deste exame para um desenvolvimento saudável da visão infantil. Nestes casos, cai sobre os médicos a responsabilidade de orientação sobre o teste.

O exame pode ser realizado através do TRV (Teste do Reflexo Vermelho) ou digitalmente com a ajuda de um retinógrafo. A seguir falaremos um pouco sobre o teste do olhinho, e por que é importante para o médico orientar os pais sobre o mesmo.

A importância do teste do olhinho

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que até 80% dos casos de cegueira infantil podem ser evitados. O descobrimento e tratamento precoce de doenças que podem levar à perda total da visão em uma criança são fatores decisivos para isso. E é justamente esta a função do teste do olhinho e o maior motivo da sua importância.

O teste do olhinho é um exame simples, rápido e indolor que pode acusar uma gama de doenças de visão em um bebê recém-nascido. Em lugares onde o exame é obrigatório, ele é realizado ainda na maternidade por um pediatra, sem necessariamente a presença de um oftalmologista.

Geralmente, o teste é feito utilizando luz vermelha direcionada ao olho do bebê e o observando o reflexo da luz no mesmo. Reflexos avermelhados indicam que a visão está saudável, enquanto que reflexos ausentes ou ofuscados podem significar a presença de alguma patologia. O bebê deve ser encaminhado a um médico especialista nesses casos.

O teste do olhinho pode detectar precocemente as seguintes doenças:

Visto que este exame simples pode detectar a presença de doenças gravíssimas – como o câncer – precocemente, é um primeiro passo importantíssimo para a saúde visual do bebê.

Além do método TRV, o teste do olhinho também pode ser realizado de maneira digital com a ajuda de um retinógrafo, um equipamento de exame oftalmológico que cria imagens em alta resolução do fundo do olho do paciente, mapeando até 130 graus do glóbulo ocular e possibilitando uma avaliação ampla do segmento posterior do olho.

Por que o médico deve orientar os pais sobre o teste do olhinho?

Na maior parte do território nacional, o teste do olhinho é obrigatório e é realizado por um pediatra logo no primeiro exame médico do recém-nascido, ainda na maternidade. Porém, ainda existem 10 estados brasileiros onde não há esta obrigatoriedade, e o exame pode acabar sendo negligenciado. Por isso, cabe ao médico orientar aos pais sobre a importância do exame.

Idealmente, o exame é feito dentro das primeiras semanas de vida do bebê, antes de receber alta da maternidade. Porém, ele pode ser realizado até os 24 primeiros meses de idade. O teste do olhinho também pode – e deve – ser repetido até 4 vezes dentro deste mesmo período.

Alertas precoces, mas não diagnósticos completos

O teste do olhinho é muito importante para apontar a possibilidade de doenças no olho da criança, mas ele sozinho não pode realizar diagnósticos completos de uma patologia, especialmente se não for realizado por um especialista da visão. O exame é apenas o primeiro passo para o cuidado da visão infantil, dando a vantagem da detecção precoce de doenças, o que aumenta dramaticamente a eficiência dos tratamentos.

Sendo assim, é importante para o médico ter acesso a equipamentos oftalmológicos eficientes para a realização deste e outros exames. Embora possa ser realizado com uma lanterna ou aparelho de luz vermelha, o uso de um retinógrafo como o Retcam garante um exame mais preciso, confiável e que também pode detectar ainda mais doenças do que o exame comum, e auxilia em diagnósticos mais precisos e completos.

 

Posts Relacionados

Capa do artigo
Sinais oculares que podem indicar doenças crônicas em adultos e crianças

Exames oftalmológicos como o mapeamento da retina ajudam a diagnosticar não apenas doenças da visão, mas também podem detectar sinais de outras doenças presentes no corpo do paciente.

Neste post exploraremos quais sinais detectados em exames como o mapeamento da retina podem significar doenças que vão além da visão, buscando ajudar o profissional a desenvolver um protocolo de avaliação funcional da visão mais eficiente e de maior benefício para o paciente.

Quais doenças podem ser detectadas em exames como o mapeamento da retina?

O mapeamento da retina e outros tipos de exames oftalmológicos podem encontrar nos olhos de um paciente sinais que podem significar a presença de outras doenças não oculares. A seguir compilamos uma lista com algumas dessas doenças e quais exames podem detectá-las.

  • Diabetes
    A Diabetes é conhecida por causar vários distúrbios da visão devido à alta concentração de glicose no sangue. Complicações como a retinopatia diabética (lesões na retina e nos vasos sanguíneos), glaucoma (aumento da pressão intraocular) e catarata (opacidade do cristalino) são todas detectáveis com um mapeamento da retina
  • Doenças do fígado
    Olhos amarelados podem ser sinal de problemas no fígado do paciente. Este amarelamento ocorre quando o fígado está produzindo a enzima bilirrubina em quantidade muito elevada, o que pode indicar inflamação do fígado, hepatite, cirrose e câncer.
  • Zika, dengue e chikungunya
    Um paciente reclamando de dor ocular, principalmente se a sensação da dor parece vir de trás do olho, pode estar sendo afetado por alguns desses vírus transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti. Uma vez descartadas as possibilidades de outras causas de dores oculares, um exame laboratorial pode ser necessário.
  • Toxoplasmose
    A Toxoplasmose ocorre quando o paciente ingere alimentos ou líquidos que estejam infectados com o protozoário Toxoplasma Gondii. Uma das maneiras que esta doença se manifesta é através de pupilas constantemente contraídas, sintoma clássico da Uveíte. A melhor maneira de diagnosticar a Uveíte é através de exames de imagem e de sangue.
  • Hipertireoidismo
    Esta doença se caracteriza pela produção acelerada dos hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Este distúrbio pode gerar diversas complicações de saúde, dentre elas, a Doença de Graves. Esta doença causa irritação dos olhos e das pálpebras, fotofobia (sensibilidade à luz), olhos saltados e avermelhados, e dor ao movimentar os olhos. A fotofobia pode ser detectada com um oftalmoscópio, enquanto que os outros sintomas são bem aparentes à olho nu.

O uso da tecnologia na oftalmologia é cada vez maior, trazendo benefícios não só para tratamentos, como também em ferramentas para auxiliar em diagnósticos mais precisos, rápidos e confiáveis.

Tecnologias para auxiliar em diagnósticos

Aparelhos como o RetCam Envision, que conta com Angiografia, promovendo um maior contraste para análise mais detalhada das estruturas do fundo do olho, auxiliam no mapeamento da retina ajudando a perceber sintomas mais sutis com maior facilidade e a diagnosticar uma maior gama de doenças no paciente. Como visto neste post, muitas dessas doenças não se limitam apenas aos olhos.

Um protocolo de avaliação funcional da visão completo que conta com aparelhos de alta tecnologia para auxílio e potencialização de diagnósticos traz vantagens tanto para pacientes quanto para clínicas, que podem indicar e planejar tratamentos mais adequados e eficientes tendo um conhecimento mais profundo do quadro do paciente.

 

Leia o artigo
Capa do artigo
A relação da Covid-19 e parto prematuro e os cuidados com a visão do bebê

No fim de 2019, foi detectado na China o vírus Sars-Cov-2, causador da doença da covid-19. Em 11 de março de 2020, a OMS decretou uma pandemia do novo Coronavírus

 

Orientar sobre todos os cuidados para evitar a infecção por Covid-19 e conscientizar seus pacientes sobre as particularidades da visão do bebê e da visão do prematuro é extremamente importante para prevenir problemas futuros mais graves.

Dentre os sintomas mais comuns de Covid-19 na variante ômicron, a mais frequente hoje, estão:

  • Febre e calafrio;
  • Tosse;
  • Dificuldade para respirar;
  • Cansaço;
  • Dor muscular ou no corpo;
  • Perda de olfato e paladar;
  • Dor de cabeça;
  • Coriza e congestão nasal;
  • Vômito;
  • Diarreia;

Os últimos e traumáticos anos de pandemia de Covid-19 no mundo demonstraram que a doença, especialmente nas variantes anteriores, era imprevisível quanto à sua gravidade. Entretanto, hoje em dia, com o avanço da vacinação e a chegada de uma variante dominante menos agressiva, sabemos que os riscos são maiores para os não vacinados, dentre estes, especialmente aqueles em grupos de risco, como portadores de comorbidades, idosos, grávidas e puérperas.

Nas mulheres gestantes, existe ainda um risco do parto prematuro relacionado à infecção, o que é algo grave, já que a prematuridade é a maior causa de mortalidade infantil em crianças de até 5 anos, segundo a OMS.

A prematuridade também pode prejudicar diretamente a visão do bebê, uma vez que uma das consequências em potencial do parto prematuro são problemas de visão associados a este. Também os bebês nascidos prematuros podem ter problemas de saúde de curto e longo prazo, que tendem a ser mais graves quanto mais cedo o bebê nasce. 

Por isso, é preciso algumas assistências e cuidados especiais para cuidar da visão do prematuro. A importância do teste do olhinho e outros cuidados são essenciais logo em suas primeiras horas de vida.

Covid e Prematuridade

Além de causar preocupação generalizada na população por conta dos números assombrosos de mortes por pessoas que contraíram o coronavírus, a doença também está causando preocupações por agravar outras situações que já eram bem complexas antes da pandemia. Um exemplo é a prematuridade como um todo, que envolve, entre outros pontos, a prevenção durante a gestação, o tratamento de bebês prematuros, os cuidados com a visão do bebê e o acolhimento à família.

De acordo com um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, contrair o Coronavírus durante a gravidez aumenta o risco de parto prematuro. O relatório da instituição é baseado na análise de 4.442 gestantes, diagnosticadas com Covid-19. Durante o estudo, mais de 3.900 bebês tiveram a idade gestacional relatada. Dentro desse grupo, 13% dos bebês (cerca de 500) nasceram prematuros. Já em relação aos bebês, que foram testados para a Covid-19, metade que teve teste positivo era prematuro.

O grupo de grávidas acometido pela Covid-19 tinha mais chances de ter má perfusão placentária, um conjunto de alterações na circulação de sangue do órgão, como lesões ou entupimentos nos vasos sanguíneos, que prejudica o fornecimento de oxigênio ao bebê e está ligado a problemas como parto prematuro, sofrimento fetal e interrupções precoces de gravidez.

Essas descobertas destacam a importância de prevenir a Covid-19 em mulheres grávidas. Hoje, a forma indiscutivelmente mais eficaz de prevenir a Covid-19 é a vacinação.

Tenha medo da doença, não da vacina

É importante conscientizar sobre a necessidade da vacinação e de como seus eventuais riscos e efeitos adversos são infinitamente menores que seus benefícios.

Um estudo feito nos EUA pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) publicado pelo New England Journal of Medicine  mostrou que as vacinas da Pfizer, são seguras para as gestantes. Igualmente as demais vacinas, até a presente data, em que não se registrou nenhum evento adverso grave em grávidas e puérperas.

Já a doença em si, esta sim, é de grande preocupação para grávidas não vacinadas. Em 2021, enquanto a taxa média de letalidade do vírus era de algo em torno de 2%, entre grávidas e puérperas era de 11%, ou seja, quase 6 vezes maior.

Uma das fake news, que mais se difundiu foi a de que as vacinas poderiam causar trombose. Porém, a realidade é que a Covid-19, esta sim, causa trombose em 16% daqueles que obtiveram o quadro grave da doença, segundo estudo. Segundo a Agência Europeia de Medicamentos,  0,0004% das vacinações com a AstraZeneca poderiam hipoteticamente causar a trombose. Para a Janssen, que usa uma tecnologia semelhante à da AstraZeneca: a chance de trombose é de 0,0001%. Para efeito de comparação, o risco de trombose por tomar pílula anticoncepcional, por exemplo, é  de 0,05%. Da covid, significa um risco 41 mil vezes maior do que a da vacina.

Visão do prematuro

Orientar seus pacientes sobre os cuidados com a visão do bebê prematuro é fundamental para evitar problemas mais graves ou, até mesmo, irreversíveis com o passar dos anos. É recomendado que o teste digital do olhinho seja feito logo após o nascimento para mapear 130 graus do globo ocular, e complementar a avaliação do olhinho do bebê, realizado na maternidade, através do teste do reflexo vermelho.

O teste digital do olhinho ajuda a detectar qualquer possível alteração na visão infantil e enfermidades que não costumam apresentar sintomas imediatos, mas comprometem a visão do recém-nascido já nos primeiros meses de vida.

O exame é realizado por um retinógrafo de última geração, RetCam, e consiste em dilatar a pupila do bebê com um colírio recomendado e com a lente de amplo ângulo avaliar por completo a saúde ocular através de imagens fotográficas de alta resolução. Considerado a tecnologia mais avançada atualmente para avaliação de retina, ele detecta diversas enfermidades como retinopatia da prematuridade, retinoblastoma, síndromes congênitas e entre outras.

Além disso, o retinógrafo também pode detectar doenças infecciosas contraídas pelas mães e que causam alterações no fundo do olho, afetando a visão infantil, como sífilis, toxoplasmose, zika.

Para conscientizar ainda mais os seus pacientes, o programa Juntos Pela Visão Infantil, idealizado pela Advance Vision, já tem alguns hospitais públicos e particulares que dispõem de um retinógrafo de última geração para fazer o Teste Digital do Olhinho. Confira no site: https://juntospelavisaoinfantil.com.br/rede/.

 

 

 

Leia o artigo
Capa do artigo
Coloboma aparece ainda na infância. Saiba o que é e como tratar

Existe um tipo de problema da visão ocular infantil que causa a deformação geralmente da íris do olho, mas que também pode ocorrer na pálpebra, retina e nervo óptico, que causa muito espanto aos pais num primeiro momento. Esta é a coloboma, ou popularmente conhecida como síndrome do olho de gato.

Este artigo será endereçado a esclarecer e orientar pais de crianças com coloboma, que buscam mais informações sobre o problema.

O que é e quais as causas da doença?

O coloboma é uma doença congênita, ou seja, transmitida pelo nosso DNA, por gerações, que pode aparecer na íris, retina, pálpebras ou nervo óptico ainda nos primeiros meses de vida (no caso de hereditariedade). Em alguns casos, pode ser resultado de trauma.

A doença atinge a visão ocular infantil através da má formação da íris ou de outras partes do olho. Isto se dá por uma falha cromossômica, ou seja, no DNA, ou pode ocorrer como um mal desenvolvimento na fase embrionária, ou que conhecemos popularmente como “má formação” do feto, durante a gestação.

A criança pode nascer sem um pedaço ou mesmo sem a pálpebra, por exemplo. Já na que afeta a íris também ocorrem deformações na pupila (a parte preta do olho), que pode adquirir um formato de “fechadura” ou de “olho de gato”. Por isso, é também conhecida como “síndrome do olho de gato”.

Geralmente, ocorre em apenas um dos olhos, mas também pode aparecer em ambos.

Os tipos de coloboma existentes são:

  • Coloboma palpebral: Caso mencionado de faltar partes da pálpebra ou ela toda;
  • Coloboma do nervo óptico: Faltam partes do nervo óptico;
  • Coloboma da retina: Retina subdesenvolvida ou muito fina;
  • Coloboma macular: Parte central da retina subdesenvolvida.

Quais são os riscos e consequências do coloboma?

A primeira grave consequência é em como pode afetar a visão ocular infantil. Em alguns tipos da doença, tais como a da retina e do nervo óptico, pode haver problemas na visão, como manchas e comprometimento parcial, descolamento da retina e até mesmo a cegueira.

Outras consequências mais comuns à visão ocular infantil, felizmente, não comprometem a visão e geralmente estão associadas à ocorrência de olho seco e sensibilidade à luz.

Há ainda possibilidade de ser associada à má formação de outros órgãos ou partes do corpo, quando se trata de uma falha cromossômica, por exemplo. Nestes casos, o coloboma pode concorrer com problemas cardíacos, anomalias no sistema nervoso, ouvido, trato urinário, genitais e mesmo com síndromes como as de Duane (nos músculos do olho) e Treacher-Collins (mandíbula e pálpebras).

Como é o tratamento?

O principal é o diagnóstico precoce, possível através da visita ao oftalmologista logo nos primeiros meses de vida e, a partir daí, o acompanhamento da evolução da doença é recomendado a cada 6 meses, até os 7 anos de idade.

Quando há dificuldade de enxergar, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. A cirurgia também pode ser recomendada pelo médico para reconstrução da pálpebra.

O uso de lentes coloridas podem corrigir superficialmente a deformação da pupila.

Ainda pode ser indicado uso de óculos especiais ou de sol, para fotossensibilidade ou ainda como solução estética.

Criança diagnosticada com alta miopia. Saiba o que fazer

Leia o artigo