Lidando com a Perda de Visão Infantil: Orientações para Pais e Educadores

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) indicou em seu relatório “As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2023” que, seguindo a estimativa da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível considerar que no Brasil tenhamos cerca de 27 mil crianças cegas, grande parte delas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente.  

Independentemente da causa de cegueira infantil, a perda de visão em crianças é um desafio emocional e prático para pais, cuidadores e educadores. Quando gerada por uma doença como o Retinoblastoma, que afeta a retina e evolui com o passar do tempo, é ainda mais importante entender como lidar com essa situação de forma compassiva e efetiva.  

Por isso, compartilharemos orientações valiosas para ajudar pais e educadores a apoiarem os pequenos que enfrentam a perda de visão, de forma que continuem a ter uma vida plena e feliz. 

Busque informações e orientação 

Procure informações confiáveis sobre a doença que levou à perda de visão da criança. Compreender a condição, seus sintomas, tratamentos e opções de suporte permitirá que você esteja mais preparado para auxiliar a criança nessa jornada. 

Comunique-se abertamente e com empatia 

Seja sincero e cuidadoso ao tratar sobre o assunto com a criança. Converse com ela de forma clara, sincera e compassiva sobre a sua condição e a perda de visão. Certifique-se de que a criança se sinta à vontade para fazer perguntas e expressar suas emoções. Esteja disponível para ouvi-la e oferecer apoio emocional durante todo o processo. 

Promova a independência e a autonomia 

Além do entendimento e da aceitação, há uma fase desafiadora de adaptação ao novo cenário, incluindo o pequeno e toda sua família. Incentive a criança a desenvolver habilidades que a ajudem a ser mais independente em sua rotina. Isso pode incluir a adoção de técnicas de orientação e mobilidade, como o uso de bengalas ou cães-guia, além de ajudá-la a se adaptar a atividades cotidianas, como se vestir, comer e se locomover com segurança.  

Adapte o ambiente 

Modifique o ambiente para torná-lo mais acessível e seguro para a criança com perda de visão. Organize os objetos de forma consistente e coerente, reduza obstáculos e utilize marcações táteis, como texturas ou cores contrastantes, para facilitar a identificação de diferentes áreas ou objetos. 

Incentive o desenvolvimento de outras habilidades 

Encoraje a criança a explorar e desenvolver suas habilidades em outras áreas, como música, esportes adaptados, arte ou escrita. Isso ajudará a promover sua autoconfiança, desenvolvimento pessoal e a criar formas de expressão. Além de ser uma boa distração e alternativa para tornar o processo mais leve. 

 Acesso a recursos de suporte 

Procure organizações, grupos de apoio e serviços especializados que possam fornecer recursos e orientação adicional para você e sua família. Esses recursos podem incluir terapeutas ocupacionais, psicólogos, especialistas em reabilitação visual e programas educacionais específicos para crianças com deficiência visual. 

Eduque-se e envolva a escola ou instituição educacional 

Trabalhe em parceria com a escola ou instituição educacional que a criança frequenta para garantir que as necessidades dela sejam atendidas. Informe-se sobre os recursos disponíveis, como professores de apoio, material didático adaptado e tecnologias assistivas, para que a criança possa continuar aprendendo e participando plenamente da vida escolar. 

Apesar das dicas apresentadas, não hesite em se aprofundar nas pesquisas sobre o assunto e em buscar apoio profissional ou de instituições dedicadas à cegueira infantil, o que é inclusive uma das sugestões listadas acima. Informação é sempre importante e toda a atenção com a criança e sua família é fundamental para que seu dia a dia se organize novamente da melhor forma possível. Independentemente da causa de cegueira infantil (retinoblastoma, catarata, glaucoma, entre outros), é um período delicado que requer dedicação e muitas adaptações. 

E lembre-se: existem doenças que levam à cegueira infantil que podem ser tratadas ou prevenidas. Por isso, cuide continuamente da visão infantil com visitas periódicas ao oftalmologista e a realização de exames de rotina, como o teste do olhinho. 

 

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Cuidados com a saúde mental em crianças com problemas de visão

A principal forma de diagnóstico precoce e até mesmo de prevenção de problemas de visão em crianças é o Teste do Reflexo Vermelho (TRV), conhecido como o teste do olhinho. Sua versão ‘hi-tech’, o teste digital do olhinho, ainda pode identificar problemas como a miopia em crianças, retinoblastoma e outras doenças que, sem diagnóstico precoce, podem levar à cegueira. 

Quanto mais cedo diagnosticado o problema de visão, maiores são as chances de cura. Existem algumas condições, como a miopia em crianças, embora não seja única, que podem até a vida adulta. 

Nestes casos, é necessário adotar uma jornada de cuidados especiais, atenção e acompanhamento por parte pais, médicos e professores. Isso tudo porque a visão tem um papel central no desenvolvimento cognitivo-social da criança e papel importante na coordenação motora e o afetivo-emocional. 

Cuidados com a saúde emocional da criança

O primeiro deles e, portanto, a base de tudo é o acompanhamento com um oftalmologista ou oftalmopediatra. Desde 2007, está vigente no Brasil uma lei que determina a realização do Teste do Reflexo Vermelho ainda na maternidade. Atualmente, já podemos contar com tecnologia de ponta na realização do exame, com sua versão do teste digital do olhinho.

Além de prevenir casos que podem levar à cegueira, o que certamente teria um impacto negativo muito maior na vida da criança, o teste pode contribuir para impedir a progressão e até mesmo a correção de alta miopia em crianças, entre outros erros refrativos.

Além do teste do olhinho, é necessário que a criança se consulte periodicamente com um oftalmologista. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria, a primeira consulta deve ser já no primeiro ano de vida.

O papel dos pais no desenvolvimento da criança

O papel dos pais no desenvolvimento cognitivo das crianças é extremamente importante, ainda mais quando se leva em consideração a existência de algum problema de visão. Enquanto ainda for um bebê, o estímulo à visão da criança será chave para o desenvolvimento saudável. No caso em que existam limitações mais sérias, esse estímulo deve ser especificado junto a um especialista.

Em um artigo científico de pesquisadores da PUC-MG e da COMG, aponta-se que cerca de 20% das crianças que frequentam escolas apresentam baixa acuidade visual. É sabido como isso afeta o desenvolvimento escolar. Portanto, ao ter diagnóstico e tratamentos precoces, a criança poderá ter um desenvolvimento normal. É essencial que os professores que estejam em contato direto com a criança sejam informados e envolvidos em manter as orientações dos pais e profissionais para não comprometer seu aprendizado. 

Em entrevista ao portal do Centro Médico CM Martins, a Dra. Fernanda Petroni, especialista em oftalmopediatria, afirma que “é muito importante observar se a criança está tendo dificuldade na leitura e em assimilar as coisas. Muitas vezes, o porquê disso não é por falta de aprender, ou falta de conhecimento. E, sim, pela deficiência visual”.

Problema de visão em crianças e autoestima

A autoestima é parte fundamental durante a infância, ajudando na formação do caráter e inteligência emocional. A baixa autoestima em crianças ou adultos pode levar a quadros de ansiedade, síndrome do pânico e até mesmo depressão. Sendo assim, crianças com problemas de visão podem ser alvos fáceis para desenvolver problemas de autoestima. 

Sendo assim, além de contar com apoio dos pais, professores e acompanhamento de um oftalmologista, se a criança apresentar sinais de tristeza constante, irritabilidade e outras questões de comportamento, o acompanhamento psicológico pode ser necessário.

Muitos dos problemas de visão infantil podem ser evitados e tratados ainda nos primeiros anos de vida. Em casos muito específicos, como crianças com alta miopia, as soluções podem aparecer à medida que elas crescem ao adotar lentes de contato e até mesmo a cirurgia por implante de lente intraocular EVO Visian ICL. 

Procure manter a criança motivada. Incentive atividades ao ar livre que, além de ajudarem a prevenir progressão da miopia, desenvolvem mais capacidades motoras e psico-sociais da criança.

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“Não senta perto da televisão” e outras frases em que sua mãe tem razão!

Já dizia aquele ditado popular: mãe é tudo igual, só muda o endereço! E, de fato, muitas mães seguem os mesmos “ensinamentos” quando o assunto é miopia em crianças e estrabismo infantil. Provavelmente, você já falou ou escutou as seguintes frases: “Pare de coçar os olhos desse jeito!”, “Não fique muito tempo em frente à televisão”, “não olhe direto para o sol” e etc. 

Muitas vezes parece que todas essas falas são besteiras e fazem parte daquela tal preocupação excessiva de mãe, porém elas são verdadeiras! Inclusive, não seguir esses conselhos pode causar problemas oculares, como miopia em crianças ou até favorecer o estrabismo infantil.

Confira!

“Não senta perto da TV”

Evitar se sentar muito perto da TV é uma das principais orientações que recebemos dos nossos pais quando ainda somos crianças e geralmente passamos esse ensinamento também aos nossos filhos, pois esse hábito realmente prejudica a saúde ocular e afeta a visão. 

Isso porque assistir televisão muito próximo da tela causa esforço acomodativo, o que pode ser crucial para miopia em crianças. Por essa razão, quando for assistir à TV é recomendável que seu filho se posicione com um certo distanciamento – entre 3 a 5 metros – e não fique por horas em frente às telas. 

Agora, se você percebe uma certa dificuldade da criança em ver objetos de longe ou se ela só gosta de ver televisão estando muito próximo ao aparelho, isso pode ser um sinal de que a visão não está adequada. Astigmatismo ou miopia em crianças são problemas possíveis nesses casos.

“Pare de coçar os olhos”

O hábito instintivo e prejudicial de esfregar com frequência a região dos olhos pode resultar em problemas oculares, pois a estrutura é muito frágil e a pressão exercida na área pode provocar lesões, doenças mais graves ou miopia em crianças. Ao coçar os olhos, a criança pode fragilizar as fibras da córnea, desencadeando ou agravando o ceratocone, problema ocular de origem genética que é caracterizado pela deformação progressiva da curvatura da córnea provocando seu afinamento.

Vale lembrar que o ceratocone é assintomático. O paciente não sente dores ou desconforto quando a doença se instala. Em seus estágios iniciais, o máximo que o paciente percebe é uma queda na qualidade da visão – sintomas parecidos com os de outras patologias oculares como a miopia em crianças, por exemplo. 

Porém, se seu filho não para de coçar os olhos porque a sensação de coceira é intensa, procure um oftalmologista para identificar e tratar a causa. Assim, você evita problemas mais sérios no futuro. 

“Não olhe direto para o sol”

Olhar diretamente para o sol pode causar danos na córnea e trazer diversas consequências no curto e longo prazo como: Fotoceratite, queimadura macular, catarata entre outras. Além disso, exposições mais longas também podem causar danos na retina, a parte do olho responsável pela formação da imagem, podendo provocar importante redução visual. 

“Tira as mãos dos olhos!”

De todas as partes do corpo, as mãos são as que mais possuem germes e bactérias. Por ser um órgão extremamente delicado e sensível, ao entrar em contato com as mãos, os olhos podem adquirir doenças indesejáveis, irritações, vermelhidões ou serem machucados pela unha, por exemplo.

Todo cuidado é pouco!

Independente se seu filho tem ou não esses hábitos, é fundamental levá-lo frequentemente ao oftalmologista para o acompanhamento da saúde ocular e exames de rotina, já que muitas vezes as doenças que afetam os olhos são silenciosas e só se manifestam em estágios mais avançados. 

Quando bebê, o primeiro passo é o teste do olhinho, o qual detecta diversas doenças de forma precoce. Porém, a partir dos 6 meses, a melhor opção é o exame do teste do olhinho digital, que completa o exame tradicional, pois consegue detectar inclusive o fundo do olho. 

Atualmente temos uma excelente, nova opção, Teste do olhinho digital, que completa o exame tradicional, pois consegue avaliar o fundo de olho da criança e detectar diversas doenças, como a catarata.  O complemento do mapeamento do globo ocular por meio do Teste Digital do Olhinho, realizado com o retinógrafo RetCam, identifica patologias como: Retinopatia de Prematuridade, Retinoblastoma, glaucoma, coloboma em crianças e entre outras. 

Por isso, é essencial procurar um oftalmologista e fazer um diagnóstico completo da saúde ocular do seu filho para detectar e auxiliar na detecção precoce de algumas doenças. Além disso, continue seguindo as velhas cartilhas de mãe e oriente sempre sobre o que esses maus-hábitos podem causar na visão, principalmente a longo prazo.

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Os riscos de testes caseiros no cuidado com a visão infantil

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), cerca de 30% das doenças que causam perda de visão infantil podem ser evitadas se diagnosticadas precocemente. O exame mais comum e que pode diagnosticar boa parte dessas doenças, é o “teste do reflexo vermelho”, popularmente conhecido como “teste do olhinho”. A importância do teste para a visão infantil tem se popularizado nos últimos anos, tendo inclusive se tornado obrigatório por lei a realização em recém-nascidos. Porém, com esta popularização, se difundem constantemente receitas caseiras para o teste e mitos sobre sua eficácia. Aqui vamos buscar esclarecer alguns pontos.

Como é feito o teste do reflexo vermelho e quais doenças da visão infantil ele detecta?

Logo que o bebê nasce, o médico pediatra ou oftalmologista, direciona um feixe de luz no olho do bebê, para identificar a presença do reflexo vermelho, para que este reflexo possa ser visto, é necessário que o eixo óptico esteja livre, isto é, sem nenhum obstáculo à entrada e à saída de luz pela pupila. A presença do reflexo vermelho bilateral, significa que a criança não tem nenhum obstáculo ao desenvolvimento da sua visão.

O exame pode detectar a presença de doenças como a catarata, o glaucoma congênito ou outra patologia ocular que cause opacidade de meios, como opacidades congênitas de córnea, tumores intraoculares grandes, inflamações intraoculares importantes ou hemorragias intra-vítreas. São essas doenças congênitas, portanto, detectáveis imediatamente após o nascimento e são responsáveis por 70% dos casos de perda da visão infantil.

Além do “teste do olhinho”, contudo, existem outros exames, que contam com alta tecnologia e são realizados com equipamentos específicos, que auxiliam  diagnósticos mais precisos, capazes de detectar uma gama ainda maior de doenças. Um destes equipamentos é o Retinógrafo, RetCam, padrão ouro, para imagens pediátricas de retina, cuja venda é exclusiva no Brasil.

Teste digital do olhinho

Com o Retinógrafo, é possível fazer o “teste do olhinho digital”. O -+exame é rápido, indolor e leva apenas alguns minutos. O aparelho é capaz de fazer um mapeamento de até 130 graus do globo ocular, o que torna possível detectar doenças, localizadas, principalmente na periferia de fundo do olho, segmento posterior do olho, dentre elas, várias que afetam a visão infantil.

Doenças detectáveis no teste do olhinho digital:

– Coloboma Retinal;

– Doença de Coats;

– Familial Exudative Vitreoretinopatia (FEVR);

– Hemorragia de Retina e Macular;

– PHPV, Norrie & TORCH; Retinoblastoma (RB);

– Retinopatia da Prematuridade (ROP);

– Shaken Baby Syndrome;

– Síndromes Congênitas;

– Zika Congênita.

Teste caseiro é seguro?

Muito tem se difundido sobre a prática do teste do olhinho caseiro, que consiste em tirar uma foto com flash do olhinho do bebê e enviá-la ao médico. Embora um especialista possa ser capaz de detectar uma doença, baseado nessa imagem gerada, seu diagnóstico não é 100% confiável por si só, podendo servir, no máximo, como triagem. De tal modo, não é garantia de uma prevenção completa, pois algumas doenças graves da visão infantil, que levam à perda da visão e até do olho, como o Retinoblastoma, não são possíveis de se detectar somente com esta técnica. O ideal é sempre recorrer a um oftalmologista que conte com todas as tecnologias disponíveis para um diagnóstico completo e seguro.

 

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