Os riscos de testes caseiros no cuidado com a visão infantil

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), cerca de 30% das doenças que causam perda de visão infantil podem ser evitadas se diagnosticadas precocemente. O exame mais comum e que pode diagnosticar boa parte dessas doenças, é o “teste do reflexo vermelho”, popularmente conhecido como “teste do olhinho”. A importância do teste para a visão infantil tem se popularizado nos últimos anos, tendo inclusive se tornado obrigatório por lei a realização em recém-nascidos. Porém, com esta popularização, se difundem constantemente receitas caseiras para o teste e mitos sobre sua eficácia. Aqui vamos buscar esclarecer alguns pontos.

Como é feito o teste do reflexo vermelho e quais doenças da visão infantil ele detecta?

Logo que o bebê nasce, o médico pediatra ou oftalmologista, direciona um feixe de luz no olho do bebê, para identificar a presença do reflexo vermelho, para que este reflexo possa ser visto, é necessário que o eixo óptico esteja livre, isto é, sem nenhum obstáculo à entrada e à saída de luz pela pupila. A presença do reflexo vermelho bilateral, significa que a criança não tem nenhum obstáculo ao desenvolvimento da sua visão.

O exame pode detectar a presença de doenças como a catarata, o glaucoma congênito ou outra patologia ocular que cause opacidade de meios, como opacidades congênitas de córnea, tumores intraoculares grandes, inflamações intraoculares importantes ou hemorragias intra-vítreas. São essas doenças congênitas, portanto, detectáveis imediatamente após o nascimento e são responsáveis por 70% dos casos de perda da visão infantil.

Além do “teste do olhinho”, contudo, existem outros exames, que contam com alta tecnologia e são realizados com equipamentos específicos, que auxiliam  diagnósticos mais precisos, capazes de detectar uma gama ainda maior de doenças. Um destes equipamentos é o Retinógrafo, RetCam, padrão ouro, para imagens pediátricas de retina, cuja venda é exclusiva no Brasil.

Teste digital do olhinho

Com o Retinógrafo, é possível fazer o “teste do olhinho digital”. O -+exame é rápido, indolor e leva apenas alguns minutos. O aparelho é capaz de fazer um mapeamento de até 130 graus do globo ocular, o que torna possível detectar doenças, localizadas, principalmente na periferia de fundo do olho, segmento posterior do olho, dentre elas, várias que afetam a visão infantil.

Doenças detectáveis no teste do olhinho digital:

– Coloboma Retinal;

– Doença de Coats;

– Familial Exudative Vitreoretinopatia (FEVR);

– Hemorragia de Retina e Macular;

– PHPV, Norrie & TORCH; Retinoblastoma (RB);

– Retinopatia da Prematuridade (ROP);

– Shaken Baby Syndrome;

– Síndromes Congênitas;

– Zika Congênita.

Teste caseiro é seguro?

Muito tem se difundido sobre a prática do teste do olhinho caseiro, que consiste em tirar uma foto com flash do olhinho do bebê e enviá-la ao médico. Embora um especialista possa ser capaz de detectar uma doença, baseado nessa imagem gerada, seu diagnóstico não é 100% confiável por si só, podendo servir, no máximo, como triagem. De tal modo, não é garantia de uma prevenção completa, pois algumas doenças graves da visão infantil, que levam à perda da visão e até do olho, como o Retinoblastoma, não são possíveis de se detectar somente com esta técnica. O ideal é sempre recorrer a um oftalmologista que conte com todas as tecnologias disponíveis para um diagnóstico completo e seguro.

 

Posts Relacionados

Capa do artigo
Teste digital do olhinho: tudo que você precisa saber antes de fazer

Quando uma criança nasce, não há nada mais normal que sua família se preocupe em fazer um diagnóstico de sua saúde. A cada minuto uma criança fica cega no mundo e, ainda que seja um verdadeiro choque descobrir um fato tão alarmante, 80% desses casos poderiam ser prevenidos ou tratados com um diagnóstico precoce. 

O teste digital do olhinho é rápido e indolor, podendo ser feito em crianças, recém-nascidos e até em bebês prematuros. Entenda detalhes sobre ele e descubra a sua importância.

Para que serve o teste digital do olhinho

Segundo estudo a cada 7 recém-nascidos, 1 apresenta alguma patologia ocular. O teste digital do olhinho chega exatamente para auxiliar a detectar esses diferentes problemas.

Ele é capaz de auxiliar o diagnóstico de diversas diferentes enfermidades, como:

– ROP (retinopatia da prematuridade)

– Retinoblastoma

– Doença de coats

– Shaken baby syndrome

– Coloboma retinal e de íris

– Hemorragia na retina e macular

– Catarata

– Cicatriz Corneal

– PHPV, Norrie & TORCH

O teste ainda é capaz de mostrar lesões causadas pelo Zika Vírus, Sífilis e Toxoplasmose, o que permite tratamentos e menores impactos no desenvolvimento da criança, considerando que 83% do aprendizado se dá através da visão.

Como funciona?

Ele é um exame seguro e indolor. O teste digital do olhinho funciona basicamente assim: a pupila da criança é dilatada e em seguida é adicionado um gel de interface, entre o olho do bebê e a lente do Retcam. A partir disso, as imagens da retina são feitas e ampliadas em um monitor.

Diversos ajustes podem ser feitos a partir disso, como luz, contraste e equilíbrio de cores, para que assim seja possível ter uma imagem de excelente qualidade.

Essas imagens são armazenadas e podem ser impressas.

Teste digital do olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho?

No Brasil, a forma mais comum de fazer o primeiro exame oftalmológico é conhecida como “teste do reflexo vermelho”. Por mais que seja uma opção conhecida e segura, comparada ao teste digital do olhinho ele possui um diagnóstico primário.

O teste do reflexo vermelho consiste na emissão de luz direto no olho e o resultado disso se baseia na cor reproduzida nos olhos. Caso a luz seja vermelha e contínua, significa que o bebê está saudável.

Porém, caso o paciente tenha alguma alteração que impeça a luz em ser refletida, a cor reproduzida pode ser esbranquiçada ou heterogênea. 

O exame é uma boa forma para diagnosticar problemas no segmento frontal do olho, mas não é possível alcançar a retina e desvendar outras diversas doenças existentes.

Já o teste digital do olhinho consegue avaliar 130º do globo ocular, realizado por um retinógrafo de última geração, o RetCam, possui certificado FDA e  Anvisa.

Ainda que o teste do reflexo vermelho seja o teste de visão infantil mais famoso no Brasil, o teste digital do olhinho é uma excelente forma e opção de completar a avaliação ocular no bebê e assim auxiliar a prevenção, de forma precoce, de diversas enfermidades, permitindo um tratamento adequado. Descubra onde fazer o teste digital do olhinho no Brasil.

Leia o artigo
Capa do artigo
Sinais no olho do bebê que podem indicar doença oftalmológica

A retinopatia da prematuridade vem se apresentando como uma das principais causas de cegueira nas crianças nos países da América Latina e da Europa Oriental, conforme apontam estudos do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Porém, considerando que mais da metade das crianças cegas do mundo atingiram o estágio de deficiência por causas evitáveis, fazer exames de prevenção no olho do bebê é o melhor caminho para que ele não sofra as consequências no futuro.

Principais causas de cegueira infantil

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia mapeou as principais causas de cegueira infantil no mundo. Descobriu-se que por hereditariedade é possível que a criança desenvolva distrofia retiniana, catarata, aniridia e albinismo. Já no período perinatal, ou seja, após o nascimento, os maiores riscos são de retinopatia da prematuridade, oftalmia neonatal e alteração cortical.

Atenção redobrada aos sinais do olho do bebê

Nem toda alteração no olho do bebê é sinal de doença grave. Porém, é importante que o sintoma seja imediatamente reportado ao oftalmologista para avaliação e indicação de um tratamento adequado. Afinal, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, de cada 10 casos de perda de visão, oito poderiam ser evitados, se detectados precocemente.

Dessa forma, como medida de prevenção, a recomendação é que os responsáveis pelas crianças fiquem atentos quando virem o olho do bebê inchado, vermelho ou lacrimejando. Também é preciso consultar o oftalmologista diante de sinais de brotoeja, pus, remela, secreção amarela ou de outra coloração qualquer, sangue, mancha branca ou herpes[1] . Isso, apenas para citar alguns dos muitos sintomas existentes.

Por onde começar os cuidados com o olho do bebê

Os cuidados com os olhos de uma pessoa é importante em qualquer faixa etária. Quando focamos o assunto em crianças é pelo fato de saber que até completar um ano de idade, 85% do aprendizado de um ser humano se dá por meio da visão. Dessa forma, a recomendação é de cuidados:

No útero da mãe

É fundamental que a mãe esteja atenta ao correto tratamento de doenças genitais, como gonorréia, por exemplo, que podem contaminar o globo ocular da criança no momento do parto.

Nos primeiros dias de vida do bebê

O bebê não deve deixar a maternidade sem realizar o Teste do Reflexo Vermelho (TRV), também conhecido como teste do olhinho, que é oferecido gratuitamente pela rede pública e conta com cobertura dos planos de saúde na rede particular. Porém, como o TRV mapeia apenas 30 graus do globo ocular, muitos médicos e responsáveis por crianças têm complementado o diagnóstico com o Teste Digital do Olhinho, capaz de fazer a avaliação de 130 graus do globo ocular, com capacidade para detectar 67% das doenças genéticas e mais de 20 patologias, entre leves e severas.

Infelizmente, nota-se que ainda falta conhecimento de responsáveis por crianças sobre medidas de prevenção, tratamentos e processos de reabilitação da visão dos pequenos. Porém, com o esforço de profissionais de saúde qualificados e de iniciativas como a do Programa Juntos Pela Visão Infantil, a expectativa é de queda dos índices de cegueira em crianças por causas evitáveis.

Leia o artigo
Capa do artigo
Estrabismo convergente pode ser causado pela hipermetropia infantil. Saiba como tratar.

Você sabia que existe uma relação entre estrabismo e hipermetropia? Além de serem comuns em crianças, essas disfunções oculares também costumam estar acompanhadas uma da outra.


Embora comum, existem testes de visão infantil que ajudam a diagnosticar precocemente e tratar com mais facilidade estas e outras doenças da visão. Neste post iremos explorar um pouco mais sobre este assunto, qual a relação entre estrabismo e hipermetropia, e como tratar esta condição em crianças.

Entendendo o estrabismo e a hipermetropia

O estrabismo é caracterizado pelo desalinhamento intermitente ou constante dos olhos. Ele pode ser convergente, onde um dos olhos aponta para “dentro” do rosto – para a direção do nariz – ou divergente, onde aponta para “fora” – para a direção das orelhas.

Em recém nascidos, é comum a ocorrência do estrabismo intermitente – que não dura o tempo todo. Este fenômeno é natural e ocorre devido à imaturidade do sistema visual do bebê, que ainda não tem controle total dos músculos e nervos dos olhos. Esta condição costuma desaparecer sozinha com o tempo, entre o quarto e o sexto mês de vida da criança, quando seu sistema visual já está mais robusto.

Outra forma do estrabismo que pode ser comum em recém nascidos é o pseudoestrabismo. Como sugerido pelo nome,este não se trata de um desvio real dos olhos, mas sim a impressão de que este exista. O pseudoestrabismo ocorre devido ao formato das pálpebras ainda em desenvolvimento, que podem ocultar parte do olho e dar a impressão de alguma forma de desvio. Esta impressão também deixa de existir com o tempo, conforme o bebê cresce e o formato do seu rosto muda.

Já a hipermetropia tem como sintoma principal a dificuldade de enxergar de perto. Esta dificuldade é causada por um erro refrativo, onde a imagem é focada atrás da retina. Este desfoque geralmente ocorre quando o olho é um pouco menor do que deveria ser.

A hipermetropia também é comum em recém-nascidos, justamente porque estes ainda possuem olhos em desenvolvimento, sendo comum que sejam menores do que o normal. A hipermetropia infantil pode se corrigir sozinha com o tempo, mas ainda assim é altamente recomendado o acompanhamento médico para avaliar a necessidade ou não de algum tipo de tratamento.

Qual a relação entre estrabismo e hipermetropia?

Estrabismo e hipermetropia podem estar acompanhados um do outro em crianças porque altos graus de hipermetropia podem levar ao estrabismo.

Uma hipermetropia muito alta pode fazer com que a criança exerça um esforço muito grande dos músculos oculares, o que pode acabar causando um desvio convergente dos olhos. Esta condição é conhecida como estrabismo acomodativo, pois é decorrente da tentativa dos olhos de se acomodar à visão desfocada.

Testes de visão infantil  como o teste do olhinho são essenciais na detecção dessas disfunções oculares bem cedo na vida da criança, o que aumenta drasticamente a chance de tratamentos eficientes contra estrabismo e hipermetropia.

Qual o tratamento mais indicado para estrabismo e hipermetropia?

O tratamento do estrabismo pode incluir óculos de grau, lentes de contato, uso de tampão, exercícios oculares e cirurgia de alinhamento nos olhos.

Já a hipermetropia pode ser tratada com óculos, e a partir da estabilização do grau ou da idade suficiente, com lentes de contato ou cirurgia refrativa.

Quando estrabismo e hipermetropia estão acompanhados um do outro, o uso do óculos para correção do erro refrativo é o tratamento mais apropriado. Isso porque ao corrigir a hipermetropia – causa do esforço excessivo dos músculos oculares – os olhos deixam de desviar e voltam a se alinhar naturalmente.

Independente das causas, qualquer disfunção e tratamento devem ser diagnosticados e prescritos por um médico oftalmologista especializado em visão infantil. Não deixe de levar seu filho ao médico, e mantenha os testes de visão infantil em dia, para que qualquer doença da visão seja propriamente diagnosticada e tratada.

 

Leia o artigo