Conjuntivite pode ser sintoma de crianças com Covid-19?

Recentemente, um estudo publicado na JAMA Ophtalmology causou burburinho na comunidade científica e muita confusão no público geral por associar a possibilidade do surgimento de conjuntivite como sintoma de Covid-19 em crianças hospitalizadas em Wuhan, na China. Algumas pessoas até buscaram teste da visão infantil para descobrir Covid.

Este estudo foi realizado de 26 de Janeiro a 18 de Março de 2020, no Hospital Infantil de Wuhan. Todas as crianças testadas positivas para Covid-19 foram incluídas no estudo.

Neste artigo, pretendemos resumir a publicação científica original do JAMA, com intenção de ajudar os profissionais da área da oftalmologia e outros a informarem melhor seus pacientes e o público geral. Vamos abordar os pontos principais, sem objetivo de fazer a discussão científica de fundo, pois como todos sabem, a Covid-19 é uma doença nova, que pegou a todos de surpresa.  Portanto, todos estudos que saem, por um lado são importantes, pois é por meio deles que começamos a conhecer melhor a doença.  Por outro lado, requer cautela ao analisar os resultados, já que no momento nada é muito definitivo. 

Qual foi o objetivo da pesquisa?

De acordo com a publicação dos pesquisadores chineses, o objetivo da pesquisa foi descobrir as diversas manifestações clínicas e características, principalmente em crianças, testadas positivas para COVID-19, e não averiguar especificamente a relação da conjuntivite com o vírus.

Resultados

O estudo revela que foram incluídos na pesquisa 216 crianças. Os sintomas mais recorrentes foram febre (37,5%) e tosse (36,6%). Sintomas oculares foram 22,7%. Os sintomas oculares melhoraram eventualmente. Outros sintomas incluem diarreia (5,1%), fadiga (4,6%), coriza nasal (3,2%), congestão nasal (2,8%), descarga conjuntival (2,3%) e congestão conjuntival (1,9%).

Outros fatores chaves

Respondendo à essa pergunta-chave foi descoberto que 22,7% dos pacientes neste caso tiveram alguma manifestação ocular, dentre elas, descarga conjuntival, coceira nos olhos e congestão conjuntival, com ocorrência de tipos diferentes de pruridos. A descoberta também registrou que crianças com sintomas sistemáticos ou tosse, tiveram mais probabilidade de ter sintomas oculares.

Discussão levantada pela pesquisa

O artigo em questão deixa claro que não é conclusivo sobre a correlação de conjuntivite e Covid-19 em crianças. Até então, não havia sido reportado grandes casos de conjuntivite em crianças com Covid-19. Ainda assim, na pesquisa,  verificou-se o número mencionado acima, o que corresponde a 49 pacientes (uma amostra pequena, portanto).

Segundo os pesquisadores, o vírus Sars-Cov-2 pode causar conjuntivite devido à relação fisiológica entre nariz e olhos. Contudo, não há evidências concretas de que tenha sido o vírus a causar a conjuntivite nos pacientes investigados. 

Conclusão

Não podemos estabelecer tal correlação entre Covid-19 e conjuntivite baseados neste artigo. Os próprios pesquisadores admitem limitações importantes, como por exemplo, falta de equipamentos de exames oculares no local para o teste da visão infantil (por se tratar de uma unidade Covid, em isolamento de outras), impossibilidade de realizar teste com o patógeno causador da conjuntivite e, por isso, basearam-se principalmente no relato subjetivo dos pacientes crianças.

Em caso de conjuntivite e sintomas oculares na criança, o mais correto é procurar atendimento médico para tratar do sintoma. Podem ser receitados colírios pelo médico oftalmologista, de acordo com o tipo de manifestação.

 

 

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Obstrução do canal lacrimal do bebê: saiba o que fazer

Se você pai ou mãe já notou o olho do bebê lacrimejando ou então com secreção e achou que tinha algo estranho, saiba que existe uma condição que afeta a visão infantil em quase 70% dos bebês recém-nascidos principalmente e que pode ser a causa disso. Contudo, cerca de 2 a 3% apenas apresentaram lacrimação em excesso. 

Chama-se obstrução do canal lacrimal, ou apenas canal lacrimal obstruído / entupido. Já ouviu falar? Se não, então vamos conhecer melhor, saber se é pra se preocupar e o que fazer quando identificar os sintomas. 

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=_3vQaHVpzcI 

Olho do bebê lacrimejando é normal?

Primeiro, vamos entender como funciona. A lágrima é muito importante para nossos olhos, pois é responsável por manter a hidratação da nossa película ocular, além de ser um ótimo bactericida e auxiliar a nossa visão de várias outras formas. 

O que acontece depois que produzimos a lágrima, é que uma parte deve evaporar e a outra é absorvida pelo canal lacrimal no canto do olho, indo para o nariz e outras vias. Quando isso não acontece corretamente, haverá acúmulo de lágrima e secreção na superfície ocular. É o que ocorre quando há obstrução do canal lacrimal.

Obstrução do canal lacrimal na visão infantil: O que é?

A dacrioestenose é o nome científico dado para o entupimento total ou parcial do canal lacrimal, que pode ser causada por fatores externos, tais como lesões na face ou, como é na maioria dos casos, uma condição de má formação congênita.

Congênito significa que nascemos com essa condição, seja ela uma má formação do crânio ou da face. Sua ocorrência também tem relação com a prematuridade. Como explica o Dr. Rodrigo Beraldi, em matéria na Gazeta do Povo, o canal lacrimonasal é um dos últimos a se desenvolverem, por isso, bebês prematuros tendem a desenvolver dacrioestenose.

A obstrução normalmente desaparece até o 1 ano de idade, de maneira espontânea. 

A condição pode acometer apenas um olho e já poderá ser percebida desde a terceira semana de vida, sendo possível ser identificada com um exame de vista infantil de rotina. É importante enfatizar a necessidade de acompanhamento com oftalmo e pediatra. 

Alguns sintomas de obstrução do canal lacrimal:

– Olhos lacrimejantes;

– Olhos vermelhos;

– Secreção (remela) em excesso;

– Crostas na pálpebra;

– Inchaço do canto interno do olho;

É grave? Qual é o tratamento correto para obstrução do canal lacrimal?

Na grande maioria dos casos, não é algo para se preocupar. Ainda assim, o diagnóstico deverá ser feito por um médico através de um exame de vista infantil e o acompanhamento pelo pediatra não se deve dispensar. Uma vez orientado aos pais, os cuidados são principalmente em casa, até que o problema desapareça, o que envolverá cuidados de higiene e manobras que os pais devem estar habilitados a fazer.

Para uma boa saúde da visão infantil, os cuidados são a higiene correta dos olhinhos do bebê, dentre os quais, lavagem com água morna e soro fisiológico; massagem para desobstruir o canal e também a higiene do nariz, já que a secreção nasal pode contribuir no aumento da obstrução.

O que fazer quando a obstrução do canal lacrimal persiste

Se depois de 12 meses não houver a cura espontânea, o que é o mais esperado nestes casos, pode ser necessária uma pequena cirurgia. No entanto, é um procedimento simples, que não envolve cortes ou pontos e uma anestesia simples.

Isso, todavia, deverá ser avaliado por um médico capacitado. Importante destacar que quanto mais demorar para resolver, mais complexo relativamente será o procedimento, mesmo que não chegue a ser algo de grande complexidade, por exemplo, usando sondas para abrir o canal.

É necessário resolver o quanto antes, pois o excesso de lágrimas e secreção pode favorecer proliferação de vírus e bactérias.

1 ano de EVO Visian ICL no Brasil

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Saiba até quando o teste do olhinho pode ser realizado em crianças

O teste do olhinho vem ganhando cada vez mais notoriedade sobre sua importância, tal como aconteceu com o teste do pezinho. Este é um exame realizado logo nos primeiros momentos de vida de um recém-nascido e garante que diagnósticos importantes sejam feitos para identificar possíveis problemas de visão em crianças.

Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 80% dos casos de cegueira (inclusive a cegueira infantil) poderiam ser evitados com a realização de um diagnóstico precoce. Este é um dado assustador, mas que pode jogar uma luz sobre a real importância do teste do olhinho. 

Mas afinal de contas, até qual idade é recomendado que se faça o teste do olhinho?

Os cuidados no primeiro ano do bebê

É recomendado que o teste do olhinho seja realizado logo nos primeiros minutos de vida do bebê. Na maioria dos hospitais ele é oferecido através do teste do reflexo vermelho, feito de forma manual pelo médico pediatra. Porém, existe o exame do olhinho digital, feito por Retinógrafos de última geração, como o RETCAM, que pode diagnosticar um número muito mais expressivo de problemas de visão em crianças. 

Esse exame consiste em uma documentação fotográfica panorâmica da retina, do fundo de olho e do nervo óptico e, dentre as doenças diagnosticadas no exame do olhinho digital, estão a retinopatia diabética, o glaucoma, oclusões vasculares da retina, alterações e deformações retinianas  e até estudo de tumores oculares como o retinoblastoma que acomete principalmente as crianças.

Se seu bebê, porém, já saiu da maternidade e não realizou o teste do olhinho, saiba que até o primeiro ano completo é possível realizar o exame e garantir que tenham sido verificadas todas as probabilidades de problemas de visão em crianças, garantindo inclusive uma incidência muito menor de chance de uma cegueira infantil. 

Para crianças acima de um ano sem o exame do olhinho

Apesar do teste do olhinho ser um exame de suma importância, inclusive no diagnóstico do Retinoblastoma, caso a criança não passe por ele nos 12 primeiros meses, ainda assim são recomendados cuidados com a visão infantil na busca de evitar problemas de visão em crianças. Isso porque, após o primeiro ano, muitas das doenças diagnosticáveis no exame do olhinho já terão progredido a níveis não tratáveis, como é o caso do câncer ocular. Mas, mesmo após esse prazo, é recomendado que as crianças passem pelo mesmo exame com 3 ou 4 anos, e depois, com 6 ou 7 anos

O ideal é que a criança seja levada o mais rápido possível para sua primeira consulta no oftalmologista, pois além das doenças oculares já citadas, comumente crianças em idade escolar podem também apresentar outros problemas como o estrabismo, erros refrativos (como a miopia e o astigmatismo), conjuntivite sazonal e a ambliopia. Essas doenças oculares podem diminuir muito a qualidade de vida dos pequenos, atrapalhar o seu desenvolvimento e até levar a uma possível cegueira infantil

Por esses motivos, é importante que eles sejam acompanhados periodicamente por um médico oftalmologista. Fique sempre atento a sinais como falta de atenção extrema, dores de cabeça, dificuldade na leitura, reclamações constantes sobre incômodo nos olhos e outras características que podem sinalizar um possível sinal de problemas de visão em crianças.

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Doenças infantis que não podem ser combatidas com vacina e alteram a visão

As vacinas estão na ordem do dia. Em função da pandemia de coronavírus que enfrentamos, este assunto tem ganhado destaque mundial. Vale ressaltar que as vacinas foram um avanço civilizatório fundamental. Só no Brasil, de acordo com Isabella Ballalai, Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), aumentou-se 30 anos na expectativa de vida, sobretudo, na diminuição de óbitos por doenças infecciosas preveníveis.

Com relação à saúde infantil, estima-se que a mortandade global seria 45% maior sem a existência de vacinas. Temos grandes aliados na prevenção de doenças infecciosas e outras que não são preveníveis com vacina, como é o caso do exame de vista infantil, o teste do olhinho, teste do pezinho, etc. Conheçamos algumas dessas doenças preveníveis com o teste do olhinho.

Quais doenças para as quais não existem vacinas, são preveníveis com o teste do olhinho?

O exame de vista infantil, como o teste do reflexo vermelho, ou o teste do olhinho digital, além de poder detectar questões mais simples de tratamento, podem também detectarem doenças graves, congênitas ou não, como o retinoblastoma.

Veja quais doenças são detectadas no teste digital do olhinho, sendo o mais completo:

Catarata;

– Coloboma Retinal;

– Doença de Coats;

– Familial Exudative Vitreoretinopatia (FEVR);

– Hemorragia de Retina e Macular;

– PHPV, Norrie & TORCH;

– Retinoblastoma (RB);

– Retinopatia da Prematuridade (ROP);

– Shaken Baby Syndrome;

– Síndromes Congênitas;

– Zika Congênita.

Quais são as vacinas do Plano Nacional de Imunização (PNI) e quais doenças elas previnem?

Ao nascer – BCG e Hepatite B, em uma e duas doses respectivamente, contra Formas Graves de Tuberculose e a Hepatite B;
2 meses – VORH, Pentavalente, VIP e VOP, Pneumocócica 10. Protege contra o Rotavírus, Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e meningite tipo b, Poliomelite, Pneumonia, otite, meningite (1a dose);
3 meses – Meningocócica C 1.ª dose;
4 meses – Rotavírus 2.ª dose, Pentavalente 2.ª dose, Poliomelite 2.ªdose VIP (1), Pneumocócica 10;
5 meses – Meningocócica 2.ª dose;
6 meses – Pentavalente 3.ª dose, VIP 2.ª dose;
9 meses – Febre amarela dose inicial;
12 meses – Pneumocócica 1.ºreforço, Meningocócica C 1.º reforço, Tríplice Viral 1a dose; 15 meses – DTP 1.ºreforço, 1.º reforço VOPb (1), Tetra Viral, Hepatite A;
4 anos – DTP 2.º reforço, VOPb 2.º reforço (1), Febre Amarela reforço 3, Varicela 2.ª dose;
9 anos – Febre Amarela uma dose, HPV duas doses.

Não nos esqueçamos de manter a vacinação e o exame de vista infantil em dia.

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