É possível retardar a miopia infantil? Saiba como frear a progressão

A miopia infantil já é um assunto recorrente nos consultórios oftalmológicos e deve ser identificada e corrigida precocemente para evitar problemas futuros. Isso porque a visão desempenha um papel fundamental na formação nos primeiros anos de vida, sendo um dos sentidos mais importantes para o desenvolvimento cognitivo, neurológico e psicomotor infantil. É observando algumas atitudes ao seu redor que as crianças recebem estímulos para realizar ações, aprender gestos e condutas sociais.

Por isso, o cuidado ocular da criança deve acontecer desde o nascimento, já que um prejuízo no desenvolvimento visual pode ter consequências negativas também na fase adulta. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde, no Brasil, cerca de 23 milhões de crianças em idade escolar têm problemas de refração que interferem em seu desempenho diário, sendo a miopia infantil o principal deles.

Devido ao hábito, cada vez mais precoce, das crianças de ficarem horas utilizando aparelhos eletrônicos, essa estatística tende a aumentar cada vez mais ao longo dos anos.

O que é miopia infantil?

A miopia infantil nada mais é do que a dificuldade de enxergar objetos ou pessoas que estão longe do seu local de origem. A doença é, normalmente, diagnosticada entre a infância e a adolescência. Após o diagnóstico, a miopia pode se desenvolver de maneira gradual ou bem rápida, chegando a alta miopia- acima de 6 dioptrias (graus), que pode implicar em uma drástica diminuição da qualidade de vida. Deste modo, para que esse problema visual não afete o desenvolvimento das crianças, é necessário a detecção precoce e o tratamento imediato. 

O que causa miopia infantil?

As causas exatas para o desenvolvimento da miopia infantil ainda não são claras, mas a hereditariedade é um fator importante. No geral, se os pais são míopes, há uma alta chance dos filhos também serem. 

Para especialistas, outro fator influente no desenvolvimento da doença é a fadiga ocular, que acontece pelo esforço para manter o foco – seja por causa de leitura inadequada ou muito tempo de tela. 

Quais os sintomas?

A miopia pode ser uma doença com sinais não aparentes, mas alguns sintomas da miopia infantil podem ser percebidos, como: 

  • Dificuldade no aprendizado escolar: Sem conseguir enxergar de longe, a criança não acompanha corretamente as lições ou as aulas e pode ficar para trás no aprendizado.
  • Irritação frequente nos olhos: A miopia pode deixar os olhos irritados e avermelhados, além de deixar a visão embaçada, o que faz com que a criança coce os olhos com frequência.
  • Dor de cabeça constante: Cerrar os olhos, franzir a testa e tentar se concentrar ao máximo são hábitos de quem tem miopia e tenta enxergar direito. Como as crianças podem fazer isso por tempo prolongado, especialmente na escola, podem apresentar dores de cabeça.
  • Dificuldade nas brincadeiras: Não conseguir enxergar de longe pode atrapalhar na hora da brincadeira. Esportes coletivos, que podem incluir elementos gráficos, lançamento de bolas, podem se tornam especialmente difíceis para crianças com essa característica.

 

Como retardar a miopia infantil?

A miopia não tem cura, mas tratamentos são eficazes para controlar e melhorar a qualidade de vida de quem tem a doença. No caso da miopia infantil, alguns deles são ainda mais importantes para frear a progressão da doença e prevenir que crianças tenham casos mais graves da condição. Alguns dos principais métodos para isso são: 

Colírio com atropina: A atropina tópica é um medicamento utilizado para dilatar a pupila e normalmente não é utilizada durante os exames oftalmológicos de rotina porque seu efeito de longa duração pode levar uma semana ou mais para passar. Para controlar a miopia infantil, o uso da atropina é associado para desativar o mecanismo de foco do olho. Os resultados são especialmente positivos no primeiro ano de tratamento. Por outro lado, deve ser usado com cautela, porque a dilatação prolongada da pupila causa a perda da capacidade de foco durante o tratamento. 

Lentes de contato gás permeáveis (RGP): As lentes gás permeáveis são um tipo de lente de alta qualidade, produzida a partir da combinação de plástico e silicone. Elas têm consistência semi-flexível e são menores que a córnea. Sua principal vantagem é ter ajuste sob medida ao olho, possibilitando uma visão mais nítida principalmente nos graus altos de miopia infantil.

Óculos multifocais: Essa opção é interessante porque as lentes multifocais para óculos combinam graus em um único item. Com três campos de visão, não há uma separação visível entre eles, o que faz uma transição progressiva de um para o outro. Assim, é preciso direcionar o olhar para o ponto certo da lente, de acordo com o que você deseja focalizar.

Hipocorreção da miopia: A cirurgia refrativa é feita em alguns casos para corrigir a miopia infantil e uma hipocorreção significa corrigir menos do que realmente necessário. Assim, o procedimento que reduz o foco de tensão ocular, que tem sido apontado como uma das causas da progressão da miopia. 

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Miopia em criança pode causar depressão

Quando o assunto é saúde, muitas vezes somos surpreendidos pela relação de fatos que nunca imaginamos. Esse provavelmente é um deles para uma grande parte da população: miopia infantil e depressão.  

Você sabia que elas podem estar relacionadas? 

Crianças que têm problemas de visão, especialmente a miopia, são mais propensas a terem depressão e ansiedade em comparação com as que têm a visão normal. A conclusão é de uma revisão de 36 estudos que envolveu a análise de dados de mais de 700 mil crianças e foi publicada na revista científica Ophthalmology 

Saiba mais sobre a miopia 

A miopia é um erro refrativo em que os olhos não são capazes de enxergar claramente os objetos que estão longe. Isso acontece devido ao formato do globo ocular mais longo do que deveria ser, fazendo com que a imagem não seja formada corretamente na retina. No caso, os objetos são focados à frente da retina e a imagem transmitida ao cérebro não corresponde ao real, deixando a visão dos objetos distantes turva. 

Embora se desconheça as causas exatas, normalmente a miopia está associada ao fator genético. Ou seja, crianças cujos pais são míopes têm maior chance de desenvolver miopia infantil, podendo afetar homens e mulheres de igual forma. 

Também existem outros fatores e um dos principais deles é o tempo excessivo em frente a aparelhos eletrônicos (como TV, celulares e tablet). Fica aqui o ponto de atenção principalmente no que diz respeito às crianças. Para evitar que desenvolvam miopia, evitar o excesso de telas é uma importante medida. 

Como identificar a miopia em uma criança 

É comum que a miopia infantil seja notada no período escolar, pois a criança começa a enfrentar dificuldades para ver as informações apresentadas na lousa, em sala de aula. Uma criança míope pode, ainda, apresentar estrabismo, necessidade de ficar perto da TV, manter livros muito próximos durante a leitura, não enxergar objetos distantes, piscar excessivamente e esfregar os olhos com frequência. 

A confirmação se dá em consultório, com análise do oftalmologista e exame de vista infantil, como o de Refração, que avalia a capacidade de enxergar e define o grau dos óculos. No caso de bebês, pode ser identificada no teste do olhinho. 

Além da visão 

Como mencionamos no início do texto, os pequenos com problemas de visão, especialmente a miopia, são mais propensos à depressão em comparação com as que têm a visão normal. De acordo com os pesquisadores, a saúde mental das crianças míopes é afetada porque elas tendem a ficar mais isoladas socialmente, fazem menos atividades físicas e costumam ter um desempenho escolar mais baixo. 

Segundo explicou o oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein, para o portal Viver Bem Uol, “a criança, principalmente a míope, não sabe que não enxerga direito. Ela se acostuma a enxergar mal porque o universo dela é próximo: brinca, pega objetos que estão mais perto dela, o alimento está perto, ela assiste televisão mais perto. A criança nunca vai chegar para os pais e dizer que não está enxergando porque ela não sabe que está vendo mal. Ela vai simplesmente se adaptar àquela dificuldade“.   

Assim, a atenção ao possível desenvolvimento de miopia infantil (ou outras doenças relacionadas à visão) é fundamental não só para o tratamento específico da visão, mas também para evitar que isso afete a saúde emocional da criança. Por isso, consulte sempre um oftalmologista e garanta que o teste do olhinho e um exame de vista infantil sejam realizados. 

Criança diagnosticada com alta miopia. Saiba o que fazer

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Dicas para Levar Bebês e Crianças Pequenas para Exames Oftalmológicos sem Estresse

Os exames oftalmológicos em crianças são fundamentais para a saúde visual desde os primeiros anos de vida. Tudo começa com o teste do olhinho, realizado ainda na maternidade em grande parte dos estados brasileiros, e que ajuda a identificar precocemente doenças graves como glaucoma, catarata infantil, retinoblastoma e tumor ocular. Ele deve ser feito pelo oftalmologista ou pediatra nas primeiras semanas de vida da criança, sendo recomendado o retorno ao oftalmologista após um ano e, depois, aos três anos de idade para exames de rotina. 

O desafio pode começar aí, afinal, com o crescimento e passar dos meses fica mais desafiador levar bebês e crianças pequenas para consultas sem causar estresse e desconforto.  

Para te apoiar nos momentos de teste do olhinho e todos os outros exames oftalmológicos em crianças, nas linhas que seguem compartilharemos algumas dicas valiosas para ajudar pais, responsáveis e educadores a tornarem essa experiência mais tranquila e positiva para os pequenos. 

Tome nota: 

  1. Escolha o profissional certo 

O primeiro passo é encontrar um oftalmologista especializado em crianças e que tenha experiência em lidar com bebês e os pequenos. Profissionais com abordagens amigáveis, pacientes e que saibam como criar um ambiente acolhedor fazem toda a diferença na hora do exame. Além disso, certamente estarão bastante familiarizados com problemas oculares em crianças. 

  1. Escolha o horário adequado 

Agende o exame em um horário em que a criança esteja normalmente mais descansada, evitando períodos em que esteja com fome ou sonolenta, por exemplo. Isso ajudará a minimizar o desconforto e a aumentar a cooperação durante a consulta. 

  1. Prepare a criança antecipadamente 

Converse com seu filho sobre a visita ao oftalmologista com antecedência. Explique de forma simples e positiva que o médico irá olhar seus olhinhos para garantir que estejam saudáveis, deixando-o a par da importância dos exames oftalmológicos em crianças. Use livros ou vídeos infantis sobre o tema para tornar o assunto mais familiar e menos assustador. 

  1. “Pratique” com bonecos 

Dias antes da consulta comece a brincar com o assunto, reproduzindo, por exemplo, momentos com o oftalmologista e os exames com bonecos. A brincadeira é uma ótima forma para ajudar a criança a expressar seus sentimentos e, assim, aprender a lidar com seus medos.  

  1. Traga itens de conforto 

Leve alguns itens familiares à criança, como um brinquedo favorito, um cobertor ou uma chupeta (caso use uma). Esses objetos podem ajudar a acalmá-la e proporcionar uma sensação de segurança durante o exame. 

  1. Faça do exame uma atividade divertida 

Torne a visita ao oftalmologista em uma atividade lúdica e divertida. Por exemplo, você pode jogar jogos de “espiar” com seu filho enquanto aguarda a consulta ou criar histórias imaginárias sobre super-heróis dos olhos saudáveis. Isso ajuda a distrair a criança e a reduzir a ansiedade. 

  1. Seja um exemplo positivo 

Demonstre calma e confiança durante a consulta. As crianças são sensíveis às emoções dos pais, então tente transmitir segurança e tranquilidade. Se você estiver ansioso, isso pode ser percebido pelos pequenos e aumentar o estresse deles. 

  1. Recompense e elogie 

Após a consulta e os exames, elogie e recompense pelo bom comportamento e cooperação. Com isso você reforçará a ideia de que a visita ao oftalmologista é um acontecimento positivo. Considere fazer algo especial depois, como um passeio ou um lanche favorito. 

Cuide da visão infantil 

Por mais complicado que realizar consultas e exames com crianças possa ser, o acompanhamento médico é fundamental. O diagnóstico precoce de problemas oculares em crianças pode aumentar as chances de cura ou garantir mais conforto para o pequeno conviver com uma condição diagnosticada. 

E, como vimos, todo esse processo pode se tornar mais leve com algumas medidas. Não deixe os cuidados de lado, faça visitas regulares ao oftalmologista e os exames indicados por esse profissional e o pediatra. 

Esperamos que as dicas acima ajudem nessa jornada de cuidados. 

 

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Seu filho precisa de óculos? 5 dicas para melhorar a relação da criança com o acessório

Segundo estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 3% a 10% das crianças brasileiras entre 7 a 10 anos de idade precisam usar óculos. Outro estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde mostra que 52% de toda a população do planeta terá miopia até 2050. Esses dados apontam grande preocupação dos especialistas, principalmente em relação a miopia infantil, já que a doença está cada vez mais presente devido ao uso constante de computadores e celulares.

No entanto, a dificuldade em introduzir o uso dos óculos corretivos nos pequenos, seja por bullying na escola ou simplesmente por falta de hábito, pode comprometer o bem-estar das crianças, além de prejudicar no tratamento indicado pelo oftalmologista.

Independente do diagnóstico do profissional é possível investir em algumas atitudes para auxiliar os pais na utilização dos óculos no dia a dia dos pequenos.

Avaliação profissional

É primordial que a criança passe por uma consulta médica com um oftalmologista. Dessa forma, ele indicará quais exames são ideais para o diagnóstico e prescrição correta do grau de correção.

Diálogo é fundamental

Decidido qual será o melhor tratamento, é a hora de conversar com os pequenos sobre a utilização dos óculos. Crianças são muito receptivas a novidades e, por isso, trate o acessório como a melhor novidade do mundo. Quanto mais entusiasmado os pais demostrarem, maior será o interesse em utilizar.

Escolha da armação

No mercado existe uma gama enorme de cores, modelos e armações diferentes. Por isso, deixe que eles façam a escolha do que mais gostar. Essa atitude pode auxiliá-los a fazer dos óculos um hábito divertido! Pegue referências de desenhos que eles mais gostam, super-heróis e até as princesas. 

Outro ponto muito importante é escolher os óculos com armações mais resistentes para impedir que quebrem com facilidade. Uma boa sugestão são as opções em acetado. Observar a adaptação do acessório no rosto da criança também é indicado, já que ela ainda não tem a base nasal completamente desenvolvida prejudicando o apoio. Nesse caso, invista em fitas para manter os óculos bem firmes por trás da cabeça e nos ajustes na própria armação. Os modelos de nylon flexíveis são fáceis de localizar, trazendo mais segurança.

Elogios também contam!

Elogie sempre a criança quando estiver utilizando o acessório. Dessa forma, ela associará o uso como um hábito positivo. Jamais utilize frases negativas quando elas estiverem por perto, como por exemplo, “ele não vai usar”, “ele vai desistir”. Assim como os adultos, frases motivadoras incentivam no dia a dia.

Adaptação mais eficiente

Nos primeiros dias de uso, é comum que as crianças se queixem de dor de cabeça, enjoos e, em alguns casos, tontura. Esses sintomas são normais, já que os olhos estão se adaptando às lentes corretivas. Converse com eles, explique que é normal e que logo passará. Tente distraí-los com algumas atividades que mais gostam, como por exemplo, assistir a um filme, desenho ou beliscar ‘snacks’ preferidos. Com o uso contínuo do acessório, a adaptação será mais rápida.

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